boletim Leituras # 150
Neste boletim
Mês do amor: Resultado
Editorial
Dicas
Pulsatilla
Um breve suicídio em Viena
Um beijo
 
'Mês do amor': Resultado

Quem ganhou: Catherine V., Madangela e Marcos de Andrade. Parabéns!!!

E obrigada a todos pela participação... :)

 

Aguardem o próximo sorteio do boletim Leituras!

 

Quem faz: 
Paula Cajaty
 
 
@paulacajaty

Rio de Janeiro | RJ | Brasil
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Queridos amigos

 

 
O vento frio do inverno nos trouxe um fogo diferente este ano: o fogo da insatisfação, o fogo da mudança que brilhou nos olhos de muita gente.

E é possível sentir que algo desabrocha lentamente, uma determinação que não se dissipa com facilidade.

A determinação de fazer o que é certo. A urgência da voz. A prioridade do justo.

Não basta mais um cartão de crédito. A gentileza falsa dos atendentes. A ligação marota da empresa de telefonia, me fazendo sugestões vis. Só mais 14,90 e... 

O frio traz essa ausência necessária. Essa solidão que permite as reflexões mais profundas. 

Não me convence a congratulação de aniversário dando 10% de desconto numa loja qualquer. O sorriso do gerente não me compra mais.

Simples. É a descoberta das coisas vãs. Das coisas que não se perpetuam, da felicidade vazia, efêmera. A conclusão de que há algo maior a perseguir.

O que desejam os brasileiros? O que eu desejo? Substância. Coerência. Valor. Consciência. Identidade. Confiança. Presença. Escuta.

Desejo ainda mais. A liberdade profunda de não ser patrulhado por minha timeline, por uma novela, ou pelo sinal 3G. A liberdade absoluta de usar a tecnologia em prol do que tem real importância. Em prol dos meus desejos. 

Reclamo no Facebook, informo no Twitter, discuto por aí nos blogs. Mas quando chega uma quinta-feira bem fria, e a noite de inverno acorda mais cedo o fogo laranja das luminárias antigas, volto pra casa e desligo tudo. Me faço presente, próxima. E meu colo é largo, e minha voz se adoça. E re-encontro o que me é mais caro.

Dicas

 

 Eventos, cursos e concursos

- no fim de agosto tem Bienal do Rio 2013, e a editora parceira Jaguatirica Digital leva seus autores para sessão de autógrafos nos dias 31 de agosto, 7 e 8 de setembro. Aguarde mais notícias!

- Fernando Miranda, doutor, escritor e tradutor, lança seu Cronicaturas de futebol. O convite vai abaixo. E eu vou pra Lapa bater essa bola e tomar esse chope com ele. :D

Cronicaturas de futebol

- a Estação das Letras recebe o autor português Gonçalo M. Tavares para um workshop sobre imaginação, pensamento criativo e linguagem.

- últimos dias da exposição "As coisas possíveis" de Maria Beatriz Machado, até 1º de setembro no CCJF.

- dia 21.08, às 19h, Zeh Gustavo lança sua "Pedagogia do Suprimido" (poesia) no Boteco Salvação (Henrique de Novaes, 55, Botafogo, RJ). O livro é um inventário poético das refinadas estratégias de anulação do indivíduo nas sociedades contemporâneas. Aqui, a poesia faz-se arma para uma retomada, com amor e alma. O poeta tem seu belo "A Perspectiva do Quase" resenhado aqui no Leituras.

- 9 de setembro, às 19h, Ittala Nandi lança sua biografia 'O caminho de uma deusa' (Giostri) no Teatro dos Quatro, Shopping da Gávea/RJ. O convite vai abaixo.

O caminho de uma deusa

- Valéria Martins está na reta final para o lançamento de 'A Pausa do Tempo' (ed. Jaguatirica Digital), coletânea dos melhores textos de seu blog homônimo. E Anchieta Rocha lançará 'Dias de vinho e de chumbo' (mesma editora) em setembro na Estação das Letras. A livro ficou muito bonito, com a homenagem à ex-guerrilheira Soledad Barret Viedma e poema de Luiz Ruffato na quarta-capa. Olha só:

Dias de Vinho e de Chumbo

Novidades

- o escritor português António Vieira acaba de lançar no Brasil seu romance 'Doutor Fausto' (Topbooks): foi na Argumento Leblon e ganhou presenças ilustres. No livro de Vieira, Fausto reaparece na pele de um filósofo ítalo-alemão que nasce em 1900 e percorre todo o século XX, tornando-se discípulo de Husserl e intérprete de Nietzsche. A capa:

Doutor Fausto

- outro destaque literário é o coletivo Rio 7×7 (Selo Off Flip), com prefácio de Nilza Rezende e orelha de Suzana Vargas. A coletânea é o resultado do trabalho de sete escritores que tiveram aulas com a Nilza na Estação das Letras. É a Estação das Letras se reafirmando como grande celeiro de ótimos e talentosos escritores.

- mais um lançamento da Oito e Meio que merece a devida atenção: 'Por uma estética do constrangimento', de Felipe Moreira, seu primeiro livro de poesia. São 33 poemas escritos durante seu mestrado em Filosofia, entre setembro de 2011 e maio de 2013. Nesse livro, o metamodernismo é uma chave de leitura para seu livro. O conceito de metamodernismo é descrito com mais precisão no seu site. A conferir.

- se você sonhava em aparecer na Granta, os tempos ficaram bicudos pra ela. A Bravo também sucumbiu. Que pena!

- Luiz Ruffato será o orador oficial da Feira de Frankfurt, junto com Ana Maria Machado. Show!! O boletim Leituras vai conferir in loco e divulga tudo aqui (e no Facebook) em outubro para os queridos amigos e leitores.

- e tem uma turma bacana de amigos que vai bater uma bola literária em Frankfurt. Mas eu só conto a escalação sob tortura...

- de outro lado, a revista Pequena Morte ganhou novo fôlego e, usando as ferramentas virtuais, voltou à vida. Eu assino uma das colunas (Oba!!!), e estou em ótimas companhias: Luis Maffei, Simone Magno, Mariza Oliveira, sob edição da Raquel Menezes. E os poemas estão perfeitos.

- outra revista que está saindo do virtual para o real é'a Celuzlose, editada pelo poeta Victor Del Franco.

- Affonso Romano de Sant'Anna está lançando o belo 'Música Popular e Moderna Poesia Brasileira', pela Nova Alexandria. Parabéns pra ele!

- a editora Thereza Christina Rocque da Motta também inicia a divulgação de seu mais novo livro, resultado de uma pesquisa de 20 anos: 'As liras de Marília' - ela dá voz à Marília de Dirceu. As fotos são de Vitor Vogel, tiradas in loco, em Ouro Preto.

- aliás, ela está radiante: seu livro 'Breve anunciação' fez sucesso no teatro, em julho, no Solar do Jambeiro, em Niterói-RJ, e ela já anuncia que voltará em novembro. 'Breve anunciação' exibe um diálogo poético amoroso entre um casal que quer descobrir como a sedução se realiza, passando por todas as indagações sobre o amor.

- o interessante é que existe um segmento que está começando a ter voz, para além da literatura mais tradicional. É o caso de taxistasgaris, caixas de supermercado, que trazem sua voz ao espaço literário, em uma diversidade saudável e que merece ser prestigiada. Eu apoio!

- a Companhia das Letras não dá mole: lançou o selo Panelinha, do site homônimo da Rita Lobo (que tem receitas testadas e comprovadas aqui em casa!), e agora vai publicar livros de gastronomia.

- para quem curte literatura estrangeira (das antigas), a ótima entrevista de Hannah Arendt.

Sites & Blogs

- e se você está aproveitando esse frio para comer fondue, uma seleção de músicas românticas para acompanhar: http://snack.to/atn07sa8

- outra boa pedida é a open radio polonesa Crema Café. Dica do marido.

- as editoras pequenas estão aparecendo com seus bons conteúdos: é o assunto da notícia bacana da Folha. Descobriram (só agora) que há vida inteligente além das editoras comerciais.

- a moda agora são os leitores interagirem com autores. Quem começou com a graça foi o Neil Gaiman, aqui. E depois, todo mundo quer copiar.

- adoro releituras sombrias da Disney. Aqui vai uma lista engraçadinha de possíveis pôsteres com a 'moral' das histórias infantis.

- Estava lendo a notícia sobre sonhadores que alcançam seus ideais, quando cliquei no hotsite do livro 'Manual para jovens sonhadores'. Por mais que seja autoajuda (e nem sei se é tão bom o conteúdo), acredito que é importante discutir sobre isso: começar a olhar para seu sonho e imaginar que, sim, ele pode chegar! Tomara que o seu também chegue...

- a Saraiva lançou um hotsite para Ferreira Gullar, em parceria com o Grupo Editorial Record (selo José Olympio): tem vídeos, poesias, fotos, biografia, conteúdo exclusivo e uma loja virtual.

 

Leia mais... 

 

Fontes: Prosa&Verso, PublishNews, Observatório da Leitura, Blog do Galeno, Shahid, Agência Riff, Biblioteca de Raquel, Twitter, Facebook, e mailing pessoal da autora.

 

 

Pulsatilla

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Pulsatilla
por Paula Cajaty

- Pulsatilla. Maffei, Luis. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2011.

Pulsatilla, na botânica, equivale à planta denominada anêmona, tem propriedades antibióticas, diuréticas e sedativas, servindo mais comumente para a conhecida TPM feminina. Mas, tratando-se do nome do livro do poeta Luis Maffei, seria inocência não buscar suas origens e significados mais remotos.

E então descubro Pulsatilla na mitologia grega. Ao reconhecer o caráter efêmero dessa flor, os gregos deram-lhe o nome anêmona, que significa vento. Diziam os poetas de então que sua flor nascia do vento e pelo vento também era levada. Ela evoca, portanto, seres submetidos às oscilações das paixões, aos caprichos dos ventos. Na Bíblia, a anêmona também se exibe como o famoso 'lírio dos campos', tão falado no Antigo como no Novo Testamento. No Cântico dos Cânticos e no Sermão da Montanha, Pulsatilla está presente.

Mais recentemente, na simbologia da era vitoriana, a anêmona representa abandono ou uma esperança que está morrendo. É uma flor solitária e a vivacidade de suas cores atrai o olhar. Sua beleza está na simplicidade, nas pétalas vermelhas que o sopro do vento entreabre: depende da presença e do sopro do espírito, símbolo de uma alma aberta às influências espirituais. Flor de sangue desabrochada pelo vento e que o vento pode levar, a flor mostra também a riqueza e a prodigalidade da vida e, ao mesmo tempo, sua precariedade.

E assim os poemas de Pulsatilla se mostram: únicos, solitários, vivazes, sensíveis, melancólicos em sua esperança entreaberta pelos ventos.

Na Pulsatilla de Luis Maffei a esperança se exibe:

"Não ha que esperar muito / a não ser que / se espere / não há que esperar que as surpresas sejam mais / que elas próprias / não há surpresa"

"nada / nada está junto se fora de hora / (e a hora é pequena amanhã é / tal hora amanhã nunca / é dia) / e não há que esperar muito / a não ser se / a espera não passa de pernas cruzadas / a espera não passa de pernas / a espera não"

e a precariedade, a fragilidade, a dependência de outro sopro:

"que o jardim é teu / sem ser outra coisa / pois ninguém morreu / vem, então, repousa / nota que sensível / isto só meu ombro / isso abominável / não qualquer escombro"

"seria uma / imagem seria um / começo seria a aventura de / saber de quem trato e de que / faz o meu peso o meu / sopro"

e lá pelo meio do livro, Luis explica em um breve intervalo como Pulsatilla sobreviveu à aridez dos ventos do tempo:

"O que escrevera até ali havia de esperar, ficando nas gavetas à mercê da dignidade (do sopro?) e dos ardis que costumam configurar o comportamento do tempo em ilusão engavetada. Este livro, portanto, é o terceiro e o quarto, ao mesmo tempo (...) eis que Pulsatilla se demora, como fosse o que não é mas p'ra que aponta, e deixa-se em curtume até que é junho e alteração é muita."

Assim como flor, Pulsatilla precisou de tempo, de terra, de vento, de luz. E há ainda as paixões do poeta. Camões, o poeta único, sensível e melancólico, e o futebol, ambos sinais de sua paixão efêmera, incendiária, vermelha. No caso de Camões, pulsa vermelha e verde. No caso do Luis, com uma cruz vermelha-sangue tingida sobre o peito.

 

 

Um breve suicídio em Viena

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Um breve suicídio em Viena
por Fernanda Freitas

- Um breve suicídio em Viena - Kostolias, Alexandre. Oito e Meio: 2012

Um breve suicídio em Viena narra a história de Eugênio, um homem que tinha tudo para ser bem sucedido, e durante alguns anos até foi, mas por descuido sua vida começou a desandar. Dono de uma importante marca de roupas, era casado e com duas filhas lindas e saudáveis, possuía dinheiro para fazer viagens extravagantes e realizar a maioria de seus desejos. Em um certo momento de sua vida se rendeu as relações extraconjugais, tornou-se marido infiel e pai ausente, resultando no fim de seu casamento.

(...)

O livro trata dos altos e baixos da vida com muita sensibilidade, apresentando um protagonista em uma crise existencial, um homem solitário e assustado que, ao encontrar um amor real, renasce para a vida. Soma-se a isso o lindo cenário de Viena, o que torna o romance encantador.

Alexandre Kostolias nasceu no Rio de Janeiro mas viveu boa parte da vida nos Estados Unidos, onde se formou em Relações internacionais. Atualmente reside em sua terra natal e se dedica mais aos seus projetos literários. Um Breve suicídio em Viena é seu primeiro romance.

 

 

um beijo
urgente e suave
desabrochando
lentamente.

Paula
 
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Visite a página da autora na REBRA:
http://www.rebra.org/escritora/escritora_ptbr.php?id=1618