edição # 123 - Abril, 2011

O site caiu quase duas semanas. Não caiu por uma razão simples. Mas nem adianta falar muito sobre site, servidor, backup, instalação, hosting... que isso tudo é uma novela bem chata, e eu, como boa amiga, pouparei vocês disso.

Mas a verdade é que nesse meio tempo meus olhos brilharam menos, a falta de compromisso me deixou sem rumo, a expectativa de perder tudo me tirou o desejo, a leveza, a vontade de continuar. 

Ele voltou à vida no dia 12 de abril. Só então eu voltei a dormir direito, a comer direito, a programar aquela lista interminável de tarefas da qual eu vivia reclamando.  

Ainda há muito por fazer e agora eu nem abro a minha boca... Para evitar novos problemas, a palavra-chave será a precaução e a segmentação de conteúdo: cada coisa num canto, para não dar confusão.

Quanto ao resto, é vida que se leva. 

Voo para a Feira do Livro de Buenos Aires na semana que vem, e já estou nos últimos preparativos: checando agenda, pensando nas roupas, no cabelo, nas unhas, com quem vou querer me encontrar por lá, etcetera, etcetera...  

Aliás, se você tiver uma encomenda, pode pedir! 

E depois dessa boa folga - é nas folgas que a gente esbarra nas melhores ideias - quando voar de volta pra casa, prometo convidar vocês, amigos que permanecem comigo lendo, interagindo, sugerindo, comentando, para uma 'Casa Aberta', inaugurando assim o meu novo ateliê de trabalho. 

No fim das contas, o que importa é só isso: afetos, sorrisos, e algumas boas histórias.

por Paula Cajaty e Fernanda Freitas

- Nascimento, Esdras do. Lição da noite. Rio de Janeiro: Record, 1998.

Não foi à toa que 'Lição da noite' recebeu o prêmio de Melhor Romance do Ano (de 1998) da Associação Paulista de Críticos de Arte. Com um enredo envolvente, um texto bem elaborado e uma narrativa que sutilmente transita da terceira para primeira pessoa, a obra trata de questões sociais, psicológicas e dramas contemporâneos, com uma trama que se passa em grande parte na cidade do Rio de Janeiro.

Esdras trabalha com sete personagens principais e em cada capítulo nos faz mergulhar e conhecer mais dos conflitos diários de cada um deles. Amorim, professor universitário que sofre por sentir-se perdendo o foco de seus planos e objetivos de vida. Dos Anjos, uma mulher simples, que deseja continuar atraente, bela e se manter forte diante dos problemas na família. Claudia, que se vê divida entre manter a imagem de moça culta e independente e seu namorado dominador. Adélia, vive pensando em enriquecer e destina seu tempo e esforços para lucrar no mercado imobiliário.  David, famoso arquiteto, rico e insatisfeito com seu meio de levar a vida e suas relações amorosas. Carla, sem grandes ambições, quer apenas ter alguém ao seu lado para dividir os dias e ajudar a criar suas filhas. Todos fazem parte do mesmo ciclo social e passam por situações inusitadas.  Além desses, outros personagens importantes participam do enredo que mostra o cotidiano da classe média carioca, seus anseios e desavenças.

Portanto, é nesse cenário que o autor escreve uma espécie de psicanálise dos problemas diários e dos conflitos existenciais de cada um, com uma história imprevisível e inebriante.

Esdras do Nascimento, filósofo pela PUC-Rio, mestre em comunicação e doutor em letras pela UFRJ, atualmente vive no Rio e dirige uma oficina de criação literária voltada para conto e romance. Recentemente, foi entrevistado pela equipe d'O BULE. Veja, abaixo, algumas perguntas e respostas para o site paulacajaty.com:

PAULA CAJATY (convidada) - Em Lição da noite o senhor usa a simbologia do xadrez, das peças se misturando continuamente, e do esoterismo contido no número 7. A seu ver, uma boa história pode se tornar mais rica e significativa se trouxer simbolismos e várias camadas de compreensão?

ESDRAS DO NASCIMENTO - Um romance é o seu próprio texto e tudo aquilo que se disse, se escreveu e se pensou ou não se pensou, nem se disse, sobre ele. É um mar que se amplia a cada leitura e que torna mais significativas as praias nas quais atira as suas ondas.

PAULA CAJATY (convidada) - O senhor teve uma produção constante nas décadas de 60, 70, 80 e 90. Na última década (00-10), porém, só produziu um livro. O senhor acha que já conseguiu transmitir tudo o que precisava? Ou há histórias que ainda precisam ser contadas?

ESDRAS DO NASCIMENTO - Nenhuma história precisa ser contada. O porteiro do meu prédio deve conhecer histórias maravilhosas que fariam sucesso em qualquer mesa de bar. Literatura não é para contar nada. É para criar mundos novos feitos de palavras. É para deixar Deus morrendo de inveja por não ter criado tantas belezas que foram criadas, por exemplo, por Elias Canetti ou por Faulkner ou por John Cheever. A propósito, parece que aquele rapaz exibicionista chamado Balzac nada publicou desde 1850. Não é preciso ter pena dele por causa disso.

PAULA CAJATY (convidada) - Em um mundo que traz o social para dentro de casa, e considerando as recomendações de Rilke, de que um escritor deve se manter à parte de badalações, o que o senhor sugeriria para a geração Y de escritores?

ESDRAS DO NASCIMENTO - Aquele papo do Rilke me parece meio tolo. Romantismo bobo. Hemingway, Fitzgerald, Vila-Lobos, pela maneira como viveram parecem confirmar minha opinião.

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De 18 a 21 de abril de 2011, a 37ª Feira do Livro de Buenos Aires, cidade que acaba de ganhar o título de Capital Mundial do Livro 2011, organizará a 27ª Jornada de Profissionais.

Entre as discussões mais importantes do Seminário Internacional Espaço Tendências e da programação da jornada profissional, estão a unificação das publicações em língua espanhola, ou, como dito por lá, a "red de hispanohablantes", a exemplo do que está ocorrendo com a literatura lusófona, e o lançamento de uma Plataforma de Direitos do livro argentino.

Também estarão presentes em palestras Bob Stein, do Instituto para o Futuro do Livro; Jürgen Boos, da Feira do Livro de Frankfurt; Adan Griego, Curador das Coleções Latino Americanas da Universidade de Stanford; Paulo Werneck, editor da Ilustríssima, caderno dominical da Folha de São Paulo, falando sobre o jornalismo enquanto motor da literatura; John Thompson, da Universidade de Cambridge, apresentando a conferência sobre o Mercado da Cultura; e José Castilho Marques Neto (que, aliás, recém pediu as contas como Secretário do PNLL).

Eu vou lá conferir a Feira, anotar tudo, passear um pouco, dar um pulo no Malba, e fazer algumas reuniões de trabalho. 

¡Hasta pronto!

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Inaugurando a parceria de especiais e promoções com o selo Alfaguara, do grupo da Editora Objetiva, o site paulacajaty.com sorteia o novo 'Lolita',de Vladimir Nabokov, com a nova tradução de Sérgio Flaksman. Como referido na sinopse, e o que todo mundo já deve imaginar, o livro é 'polêmico, irônico, tocante, narra o amor obsessivo de Humbert Humbert, um cínico intelectual de meia-idade, por Dolores Haze, Lolita, 12 anos, uma ninfeta que inflama suas loucuras e seus desejos mais agudos'.

Publicado em 1955, Nabokov hoje seria duramente criticado pelo atentado à preservação da sexualidade infantil, numa época de pleno ativismo anti-pedófilo. No entanto, para apimentar a discussão, em uma sociedade que hipocritamente vende sutiãs com enchimento para crianças de 6 anos, a leitura de Lolita está mesmo na ordem do dia.

Da mesma forma que não faltam pedófilos vagando pelas ruas, o outro lado também não pára de crescer. Afinal, aqui e ali vão aparecendo casos em que lolitas new-age do mundo real (ou mães dessas new-lolitas) lançam mão de expedientes perversos e manipulativos para extorquir e pôr em xeque a moral e a correção de adultos nem sempre tão culpados.

Ah, também tem um bom estudo psicológico sobre as questões do livro na Wikipsicopato.  

Bem, mas antes de continuar essa discussão palpitante, o ideal é ganhar e ler o livro logo!

Para concorrer ao exemplar, basta responder ao 'boletim Leituras' em que a promoção for veiculada e dizer: eu QUERO a nova 'Lolita'.

Se não assinou o Leituras ainda, vai lá: para se inscrever no boletim, coloque seu email de contato na caixa que fica no canto superior direito da página principal do site. E boa sorte!!

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