Leituras da semana
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Queridos amigos,

Ir a cinema de shopping nos fins de semana de janeiro é como comprar um tíquete para um show de variedades, um zoológico humano, ou algo que lembre o antigo(quíssimo) Tívoli Parque.

Tem de tudo. Desde pipoca melada com leite condensado e algodão doce, coisas do tempo da vovó, até crianças em coleiras ou, pior, andando soltas como se shoppings fossem o lugar mais mega ultra seguro do mundo.

Apesar de me dirigir ao cinema, que sempre foi 'a maior diversão', as diversões mais inusitadas aconteciam fora dele. Meninas de 10 anos se vestindo iguais às mulheres adultas, com tamancos, sandálias gladiadoras e blusas recortadas nas costas, enquanto as adultas se fingiam de meninas de dez anos, com direito até a arco na cabeça com florzinha de tecido.

Vi a turma descolada do jeans-surrado-com-All-Star-sujo, vi a mulherada de salto agulha-às-13-horas, vi a juventude aquarius-fresh que não solta o bermudão e a camisa do time, vi as gorduchinhas retrô, vi a turma dos sinistros dreadlocks, piercings e giga-tatoos... Aliás, com esses aí, a gente não sabe se olha, conta, ou  lê, de tanta informação que vem misturada com a roupa.

Foi em meio a tantos olhares que descobri um fato quase verídico (a ser confirmado em futuras pesquisas do Ibope): ainda existem mulheres sem tatuagem no Rio de Janeiro!

Tudo bem, tudo bem, eu sei que geralmente são as sexagenárias, septuagenárias e octogenárias que já impressionam com suas maquiagens coloridas e escovas de mega-hair. De qualquer forma, é quase certo que em muito breve não teremos mais espécimes femininos de pele virgem. Tema excelente para um futuro livro de realismo fantástico...

Eu, que não sabia se entrava no cinema, ou se ficava me divertindo nesse freakshow, acabei entrando para ver os efeitos especiais (e fraco diálogo) de Avatar, e saí de lá me perguntando se não havia visto alguns extraterrenos em pleno Shopping Leblon.

De qualquer forma, para quem gosta de espetáculos de esquisitice, é bom correr para um shopping, qualquer um, no fim de semana que vem, porque essa turnê só acontece no mês de janeiro e o melhor é que ela é totalmente grátis. Entrada franca.

Depois disso, eu volto (ufa!, finalmente) para os livros. Bem mais seguro.
 
Dicas da semana (16.01.2010 a 22.01.2010)

Lançamentos

- quarta-feira, dia 20, Dia de São Sebastião, a partir das 14h, será lançada a coletânea de ensaios 'Canções do Rio' (ed. Casa da Palavra), na Livraria Folha Seca.  (...) O bonito convite vai abaixo.

 

- A Casa do Saber e Downtown filmes convidam para a pré-estreia oficial do filme "Só dez por cento é mentira: A desbiografia oficial de Manoel de Barros", dia 21 de janeiro, quinta-feira, às 19h30, na Casa do Saber, Lagoa. As vagas são limitadas, por isso tem que reservar: (21) 2227-2237.

 

Eventos

- continua o evento poético Poesia no SESC, nos dias 19 e 21 de janeiro, às 19h. Auditório sujeito à lotação.

- dia 20, quarta-feira, às 19h30, tem a aula-show 'Kind of Blue' na Casa do Saber da Lagoa. (...)

- dias 19 e 26/01 o Corujão da Poesia retoma suas atividades poéticas às terças-feiras depois da meia-noite, na Livraria Letras&Expressões do Leblon. (...)

- as férias ainda não terminaram e o Instituto Moreira Salles tem a melhor programação de cinema do Rio. Mas é bom correr que o verão já está terminando!

 

Cursos e concursos

- Na Estação das Letras: 'Gêneros literários', com Suzana Vargas, de 25 a 29 de janeiro. Aliás, Suzana está de parabéns, com o relançamento de seu livro 'Leitura: uma aprendizagem de prazer', pela editora José Olympio. A propósito, a nova edição vem revista e ampliada pela própria Suzana.

- Também na Estação das Letras, para aproveitar os últimos dias das férias de janeiro, tem 'Projeto cultural', com Maria Alice Lima, de 25 a 28 de janeiro, 'O escritor e o mercado editorial', com Maria Amélia Mello, editora da José Olympio, no dia 30.01, sábado, das 10h às 14h. E, o mais imperdível deles, é o curso sobre contos com Cíntia Moscovich. Aliás, antes de iniciar o curso, Cíntia se apresenta no 'Encontros de Leituras', na Estação das Letras, sexta, dia 22, a partir das 17h.

- Moacir C. Lopes, recém entrevistado por Paula Cajaty, participa de um Encontro de Leituras no próximo sábado, dia 30, a partir das 14h30, na Estação das Letras. Moacir C. Lopes abre a discussão sobre Literatura e cinema, tendo como  ponto de partida sua obra 'A ostra e o vento'. 

- O projeto Biblioteca Viva, parceria da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro com a Casa Poema é uma oficina de capacitação para professores e bibliotecários ou monitores de salas de leitura. As aulas acontecem entre 25 e 29 de janeiro, de 15h às 18h, na Casa Poema. Outro projeto que também versa sobre a disseminação de bibliotecas e pontos de leitura em todo país é o Biblioteca Solidária, desenvolvido pela Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO e cuja organização foi recentemente entrevistada pelo jornalista Edney Silvestre, no RJ-TV, da Globo. A entrevista pode ser conferida neste link.

- Estão abertas as inscrições para o 5º Concurso Internacional de Minicontos Mulheres Emergentes, organizado por Tânia Diniz.

- Prêmiação internacional: podem concorrer poemas inéditos escritos em língua inglesa por autores vivos de qualquer nacionalidade. O 1º prêmio é no valor de £5000. Entrega de trabalhos até 29 de Janeiro de 2010. Mais informações no blog Escrever Escrever.

 

Novidades

- Na TV: Livia Garcia-Roza fala sobre literatura no programa Espaço Aberto (...) na Globo News, que vai ao ar no dia 22 de janeiro, sexta-feira, às 21h30. Depois, o programa fica disponível para o público no site da Globo News.

Por falar em Espaço Aberto Literatura, Luis Fernando Verissimo também conversa com Edney Silvestre sobre seu sexto romance, 'Os espiões', lançado pela Alfaguara.  

- Zuenir Ventura participa do Correntes d´Escritas, em Portugal, na cidade de Póvoa de Varzim. O evento será realizado de 24 a 27 de fevereiro, e Zuenir autografará lá a nova edição portuguesa do seu livro 'Mal secreto' (coleção Plenos Pecados, ed. Objetiva). Correntes d' Escritas é o maior encontro de escritores que se realiza em Portugal e reúne, todos os anos, milhares de pessoas em volta dos livros e dos autores. Este ano o evento comemora dez anos de vida.

- Resenha online sobre a poética de Luís Serguilha na Revista Germina Literatura.

- Janaína Michalski acaba de ter seu livro 'Onde o Sol não Alcança' selecionado entre os 10 melhores lançamentos de 2009 do blog 'Roedores de Livros'. (...)

- Oleg Almeida, poeta e tradutor, está realizando em seu site o Projeto Stéphanos. Como Oleg conta, seu belo projeto literário tem esse nome em homenagem à primeira antologia poética de que se tem notícia (composta pelo poeta grego Meléagro, ela veio à luz em meados do século I a.C.) e deve reunir algumas dezenas de autores cujas obras representem a poesia do Brasil tal como ela se tem desenvolvido na virada do século e do milênio. Será uma espécie de enciclopédia virtual de poesia brasileira contemporânea aberta a todos, gratuita e permanentemente disponível on-line. O site de Oleg é bastante divulgado, especialmente nos países da Europa do Leste, onde o poeta morou por quase três décadas. A princípio, o projeto está aberto para poetas-amigos, mas pode se estender aos amigos dos poetas-amigos, enfim, uma rede poética que poderá representar o Brasil através da lusofonia. Super legal e vale conferir. 

 

Créditos: São Sebastião, por Ronaldo Mendes, artista Naïf, imagem autorizada pelo autor. Fontes: Agência Riff; PublishNews; caderno Prosa&Verso, do jornal O Globo; suplemento Ideias&Livros, do Jornal do Brasil, e mailing pessoal da autora.

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A casa da maresia - parte 1

O menino morava num apartamento bem apertado.

Na verdade, ele morava num apertamento só.

Morava com o pai e a mãe, que também viviam apertados. Pelo menos, era isso que eles diziam.

E apesar daquela apertação toda, o menino ganhava quase tudo o que pedia, o que era bem estranho. Mas tinha algo ainda mais estranho, ou pelo menos era assim que ele achava.

Os presentes perdiam a alma, depois de um tempo que ele os ganhava. Era abrir o embrulho, e tudo perdia a cor.

O pior é que fora do quarto, tudo acontecia do mesmo jeito. Fora do quarto, o pai não dava muita atenção no que o menino dizia, nem prestava atenção no que a mãe pedia.

O pai estava mesmo desatento há bastante tempo. Talvez por isso que a mãe gritava.

Isso o menino não achava, não, ele tinha certeza. Afinal, quando qualquer um gritava, a desatenção se despregava do pai por um tempo. Voltava só depois de alguns minutos.

Mas o menino não achava que era a desatenção do pai, ou o grito da mãe, que tiravam a alma das coisas que ele ganhava. Não.

Ele achava que a culpa era da maresia.


a continuar...


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Briga boa

foi só me ver gritar
você se vira
que porra - me faz gozar.


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Um beijo totalmente freak,
Paula