Leituras da semana
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Queridos amigos,

Para fazer as malas, de verdade, não é preciso tanta coisa. Não preciso daquele tanto que sempre segue conosco sem nem sair da mala e só serve para aumentar seu peso. Afinal, para que levar o que conhecemos se buscamos o desconhecido? E pensando bem, quem prefere suas próprias velharias a abrir espaço para as novidades?

Não preciso de muito. Com certeza. Nada além do essencial. Para decolar, é preciso estar leve, mirar o horizonte e estender bem as asas.

Por isso, quando levanto voo, tento partir levando o mínimo.

Só para voltar mais repleta, só para me encher de maravilhas e descobertas, só para chegar mais completa do que fui.

O essencial, eu levo dentro de mim.

Dicas da semana (28.11.2009 a 08.12.2009)
Lançamentos 

- segunda, dia 7, 'Contente em Ler - Cineastas' será lançado às 19h, na Casa de Cultura Laura Alvim (Vieira Souto, 176, Ipanema)

- terça, dia 8, Conceição Rios mostra suas 'Confluências', a partir das 19h, na Livraria Ponte de Tábuas (rua Jardim Botânico, 585).

- o amigo e jornalista Luciano Trigo, a Máquina de Escrever, lança 'A Grande Feira - Uma reação ao vale-tudo na arte contemporânea', já apresentado no programa Almanaque , da Globonews. A obra de Luciano traz uma reflexão aprofundada sobre a arte contemporânea e o mercado e analisa a obra de arte, os artistas, marchands, colecionadores e os demais atores desse seleto mercado que, atualmente, subjuga o próprio conceito de arte. Com prefácios de Gianguido Bonfanti e orelha de Gonçalo Ivo, A grande feira é um lançamento da Editora Civilização Brasileira (www.record.com.br) e já está nas livrarias. Luciano Trigo é jornalista, escritor, editor de livros, crítico de cinema e colunista do site de notícias G1. O trabalho de Luciano certamente dialoga com o mais recente livro do professor Affonso Romano, "O enigma vazio", criticado aqui.

-dia 9, quarta-feira, na livraria da Travessa do CCBB, às 18h30, Marcus Vinícius Faustini lança 'O guia afetivo da periferia'.
 
Eventos, etc.

- Claudio Sesín, avisando da Folha nº 9 de 'Los navegantes de la cruz del sur', convida para a 'Salamanca Urbana' com a condução de Sergio de la Colina, dia 12 de dezembro, às 22h, no Espaço Cultural 'La Primitiva'. O evento terá a presença dos Navegantes de la Cruz del Sur e diversas atividades artísticas, para brindarem o fim do ano e para saudar o que chega. Claudio também avisa que as edições dos Navegantes 2010 serão dirigidas pelo curador Alberto José Acosta, grande músico e que domina o espanhol e o português e solicita a ajuda de tradutores, para que toda a edição dos Navegantes se torne bilíngue. 
 
Novidades

- a temporada dos bazares natalinos está a todo vapor: o Bazar de Natal da Cláudia Mussi foi aberto no dia 28, sábado, e segue em todos os fins de semana de dezembro. O convite está no site.

- Marcelo Moraes informa sua ida à Universidade de Paris para apresentar, em Simpósio, sua (recém-lançada no Brasil) 'Gramática Reflexiva da Língua Portuguesa', da Editora Luso-Brasileira Ferreira. A solenidade contará com autoridades em Linguística, Sociologia, Psicanálise e Artes, como Evanildo C. Bechara (Brasil), Boaventura de Sousa Santos (Portugal), Elisabeth Roudinesco (França), José Maurício Bustani (Embaixador do Brasil na França), Elfriede Jelinek (Áustria, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura), Hélène Grimaud (França, pianista, minha amiga e convidada especial do evento), Nelson Freire (Brasil-França). A introdução do livro está no site Cronópios.

- Silvana Guimarães, editora da revista Germina Literatura, assina a organização do novo livro 'Dedo de moça - uma antologia das escritoras suicidas'. O livro, com apresentação do músico, compositor e escritor Guttemberg Guarabyra, texto de orelhas do escritor Nelson de Oliveira e ilustrações de Eliége Jachini, reúne contos e poemas de 30 autoras brasileiras, participantes do blog Escritoras Suicidas. Bem, nem todas são mulheres. Mas com exceção de Dominique Lotte e Romina Conti, pseudônimos, respectivamente, dos escritores Iosif Landau e Rodrigo de Souza Leão, falecidos em 2009, nenhum outro autor nessa antologia revela sua identidade masculina ou o que existe sob as suas vestes femininas. Vale tentar adivinhar. O livro será lançado na penúltima semana de dezembro, dia 19, na livraria Martins Fontes de São Paulo. 

- Miriam Mambrini está lançando seu novo livro 'Vícios ocultos' (à venda no formato texto e audio-livro), com 13 contos em que Miriam expõe a todos, 'nus e crus, exatamente com o leitor quer vê-los', como dito pelo escritor Alexandre Brandão, na orelha da obra. E 'além de nos contar bem suas histórias de excessos, acrescenta a este livro um pequeno detalhe cujo efeito surpreende: ela registra diversos diálogos travados com escritores de sua relação', entre os quais João Silvério Trevisan, Nilma Lacerda, Luiz Ruffato e Adriana Lisboa.  Miriam Mambrini é carioca e autora de 'O baile das feias', 'Grandes peixes vorazes', 'A outra metade', 'As pedras não morrem', 'O crime mais cruel' e 'Maria Quitéria, 32'. Participou de diversas antologias de contos, entre elas o famoso '30 mulheres que estão fazendo a literatura brasileira hoje', organizada por Luiz Ruffato (Record, 2005) e 'O livro dos sentimentos'.

- Celina Portocarrero convida para o evento de posse no Pen Clube do Brasil, segunda, dia 7 de dezembro às 18:00, na sede do PEN (Praia do Flamengo 172 - 11o andar). Os amigos estão todos convidados.

 - Edney 'Chapa quente' Martins, mostra que a chapa realmente esquentou no Posto 6, em Copacabana, nessa última semana, a semana do 'resgate do Pavão', aqui no Rio de Janeiro. Edney se transformou num repórter acidental, já que conferiu de perto toda a ação policial. Vale conferir o blog.

- no Sobrecapa, Ana Cristina Melo entrevista Marta Lagarta.

- As editoras independentes mostram sua força: na Travessa do Ouvidor, 17, no Centro do Rio, nasceu a Livraria da Travessa, em 1987, ainda com o nome de Dazibao. Essa livraria pioneira agora abriga um projeto mais que inovador - revolucionário. Depois de uma grande reforma, a loja, denominada Travessa 1, reabriu suas portas com um novo conceito de livraria, diferenciada das demais da rede, que conta hoje com sete lojas em todo o Rio. A Travessa 1 pretende ser 'uma livraria para editoras pequenas, para as independentes e para as editoras universitárias. Uma livraria para celebrar a bibliodiversidade', como contou ao PublishNews a assessora de Comunicação e Marketing da rede, Gabriela Giosa. Ainda conforme Gabriela, o novo espaço se propõe a ser o espaço para a 'difusão de novas ideias e a agitação cultural.' A intenção é ter na nova loja produtos que não são encontrados com facilidade nas grandes redes, e a Travessa acredita que esse perfil de empreendimento tem tudo a ver com o público da região onde está a loja número um do grupo. O restante da livraria, como todo mundo já sabe (mas não custa repetir), foi para a Rua Sete de Setembro, uma megastore de fazer inveja à Saraiva do Ouvidor. A briga está grande pelo público do Centro.

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Fontes: Caderno Prosa&Verso, jornal O Globo, Suplemento Ideias&Livros, Jornal do Brasil, e mailing pessoal da autora

Ler e contar, contar e ler, com Gregório

- Gregório Filho, Francisco. Ler e contar, contar e ler: caderno de histórias. Rio de Janeiro: Letra capital, 2008.

Francisco Gregório Filho é uma figura antológica do Rio de Janeiro. Recentemente homenageado pela I Bienal da Floresta, do Livro e da Literatura, no Acre, é ele quem promove uma das melhores oficinas de contação de histórias no Paço Imperial do Rio de Janeiro, ensinando o ofício, por dentro e por fora.

Eu explico. Por dentro, Gregório ensina tudo o contador de histórias a reparar na gravidade e na importância do seu ofício. Por fora, o mestre exibe sua forma de contar histórias, mostrando um dos tantos modelos para que seu aprendiz se inspire nele e possa continuar à sua maneira.

Assim é também o livro 'Ler e contar, contar e ler'. A princípio, imaginei que nele estavam apenas as histórias da infância de Francisco, as histórias que mais o emocionaram, ou as que ele ouviu das pessoas mais importantes que atravessaram seu curso. No entanto, assim como nas apresentações de Gregório, o livro tem duas faces.

A primeira, do ofício externo do contador, apresenta os textos compilados de histórias folclóricas menos famosas, mas igualmente eternas e belas. No início de cada história, uma página colorida, uma ilustração e, por fim, o registro de onde ela foi colhida, muitas do norte do Brasil.

São ao todo dez histórias, como ele diz, sem fronteiras de idade, milenares, medievais, folclóricas, indígenas, entre elas 'Barba azul', 'Aquele grão de areia', 'Lua mulher, homem sol', 'Cabelos de ouro', 'O nascimento das estrelas', e a famosa 'Laurinda', como ele mesmo diz, linda linda.

Ao fim da primeira parte, um texto de Eliana Yunes enriquece o livro, abordando a importância dos contadores como mediadores da leitura e transmissores de conhecimento, suavidade e beleza para crianças ainda na fase da pré-alfabetização, como para grupos excluídos da cultura letrada.

Na segunda face do livro, nas páginas em laranja, Gregório apresenta uma espécie de Manual para o contador-aprendiz, com textos quase-poéticos de sua autoria como de outras pessoas escolhidas. Textos que inspiram, que provocam, que incomodam, num incômodo bom, desses que fazem refletir e convencem a fazer as opções certas, a despeito dos seus custos e desafios.

Como Gregório nos conta de seu avô, com a beleza e a convicção da verdade:

"O olho precisa encontrar o olho do outro. Olho no olho. O olhar estabelecendo a confiabilidade do diálogo. O olhar do outro e o alimento solidário para eu me por de frente, encontrando a respiração do outro. Necessito do olhar, do olho do outro no meu olho. (...) O olhar ajuda a dizer e, principalmente, ajuda a ouvir. Os olhos ajudam a buscar o significado nos guardados do coração; (...) A voz com o olhar, partilhando horizontes em dores escuras, sombras de desencontros, desilusões profundas e achados iluminados. (...) Só posso contar uma história encontrando o olhar do outro; para minha voz poder repercutir; tomar dimensão."

E é isso o que Gregório faz com esse livro singular. Ele pede o nosso olhar, ainda que distante, ainda que pousado no preto e branco das letras, e então se põe de frente, inteiro, encontra nossa respiração e assim sua voz repercute e ecoa dentro de cada um de nós.  

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Entrevista com Moacir Costa Lopes


Inaugurando um trabalho novo, de conhecer mais de perto o trabalho de escritores e integrantes do mercado editorial, o primeiro entrevistado será Moacir Costa Lopes, romancista cearense que comemorou em novembro último seus 50 anos de carreira literária, como já referido brevemente em outra ocasião. Assim que o escritor aceitou, fui fazer o trabalho de casa e me aprofundar em sua vida e em seus textos, de modo que as perguntas surgissem naturalmente a partir das minhas leituras iniciais.
O meu interesse surgiu especialmente em saber mais quanto ao exato momento em que Moacir decidiu se dedicar aos livros, o que configura o início de sua viagem mais longa, bem como saber sobre 'as maiores ondas' que ele já enfrentou.
De outro lado, considerando o trabalho de Moacir com a poesia e a simbologia dentro do contexto do romance, surgiu o interesse de conhecer mais sobre a importância do uso de uma linguagem específica e única em cada livro, considerando que a literatura não se esgota em contar apenas a história em si, mas se consubstancia no modo de contá-la.
A princípio pesquisando na internet, encontrei algumas informações sobre a vida do escritor na Wikipedia, bem como através do estudo de Marcos Vinícius Teixeira e nas entrevistas online de Moacir, dadas a Luís Sérgio dos Santos, Luís Gonzaga Marchezan.
Depois disso, combinei com o Márcio de Andrade, cineasta e jornalista que ficará responsável pela gravação e edição de vídeo, e obtive o belo apoio do Gláucio, editor da Quartet Editora e responsável pela Livraria Museu da República, que permitirá a gravação em uma das salas da livraria, neste sábado, dia 5 de dezembro, a partir das 17h.
Em breve, a entrevista estará disponível aqui em texto e vídeo, com exclusividade para o site paulacajaty.com e divulgada no Youtube.

Um beijo de decolar,
sempre que o horizonte chamar.
Paula