Leituras da semana
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Queridos amigos,
No restaurante, a aflição dos olhares, a dúvida entre uma garfada e outra, a ausência de gosto refletida no prato, o suspense na bandeja dos garçons, a expectativa servida em cada copo. A televisão bem fina, quase no teto, de som baixo para não atrapalhar os clientes, pedia que se aguçassem os ouvidos atentos. Todos de pé, os braços taciturnos e cruzados esperavam pelo pior.
Num segundo apenas, o grito uníssono disparava pulos no silêncio, abraços a esmo e palmas emergiam da alegria incontida, assovios saudavam as maravilhas da cidade recém-eleita para a sede das Olimpíadas. A emoção foi tanta que quase se podia ver um inchaço nos olhos das moças mais frágeis.
O Rio seria novamente uma capital olímpica, recuperaria sua nobreza perdida, e só isso bastou para que, de um momento para o outro, se esquecesse o presente. O futuro traria a redenção de todos os vícios, a solução de todas as mazelas, a salvação do destino trágico de uma cidade em colapso. Aquele futuro prometido por tantos e que nunca conseguia chegar.
O futuro, agora, teria data certa para acontecer.
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Lançamentos  - quarta, 7, Antonio Gilberto e José Mauro Brant lançam "Pequenos poemas infinitos", às 19h na Casa de Cultura Laura Alvim. - quinta, 8, Arnaldo Niskier declara à "Língua portuguesa, uma paixão", às 17h30 na Academia Brasileira de Letras. - sexta, 9, Helena Ortiz assina "O silêncio das xícaras", às 19h30, no Cine Santa Teresa (Paschoal Carlos Magno, 136). Eventos, concursos, cursos e novidades>>Denise Emmer deu uma bela entrevista à Revista Capitu. A entrevista é toda poética, vale conferir. >> o XVII Congresso Brasileiro de Poesia está acontecendo a partir do dia 05.10 e vai até o dia 10 de outubro, com o tema "De Baudelaire a Leminski", congregando mais de duzentos poetas do Brasil e da América do Sul, em especial o Grupo Poesia Simplesmente, do Rio de Janeiro. Paralelamente ao Congresso, também serão realizados o XVII Encontro Latino-Americano de Casas de Poetas, a XIV Mostra Internacional de Poesia Visual e o XX Salão Internacional de Artes Plásticas do Proyecto Cultural Sur/Brasil. >> Danilo Marques convida para Coletânea poética para crianças. Produzida pela Editora Novitas e ilustrada por Danilo, a coletânea poderá apresentar até 15 autores-poetas. >> a Fundação Oscar Araripe convida para recital de piano, com Franz Ventura e Abgar Tirado, no dia 10.10, sábado, às 19h. >> dia 10.10 termina o prazo de inscrições para o II Concurso Nacional de Poesia da AACLIP. >> Julio Cortázar e Clarice Lispector são temas dos novos cursos na Estação das Letras. >> na livraria Largo das Letras, acontece a 8ª edição do Chama o Raul!, com Silvia Miskulin, Jorge Braulio Rodrigues e o Quinteto Klave. Veja links e leia mais... Fontes: Caderno Prosa&Verso, jornal O Globo, Suplemento Ideias&Livros, Jornal do Brasil, e mailing pessoal da autora |
lá ia ela
como se tivesse o vento no rosto sorrindo brevemente, na janela como se não estivesse fechada
lá ia ela, no ônibus
espremida, apertada sempre no colo sempre pesada
e ia indo na vida ia lá, largada no chão, na mesa, fardo descendo a escada
feito bolsa, peso que era apenas seguia perdida, cheia de pose, fingida de marca.
mas ia atrás, reles complemento: gasta e sem brilho, resistia firme - fora de moda, só acompanhava.
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Coluna "Educação para o encantamento", por Márcio Vassallo
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Márcio Vassallo, escritor, consultor editorial e jornalista, responde no seu site pessoal às perguntas dos leitores, mostrando como o encantamento pode ser ensinado, cultivado, treinado para acontecer nas situações mais improváveis, diariamente.
A resposta dele à minha pergunta não poderia ter sido mais encantadora.
O que torna uma mulher realmente bela?
"Márcio, A maior parte das mulheres não consegue seguir o padrão de beleza ditado pela mídia. Então, o que uma mulher pode fazer para encontrar o encantamento nela mesma?" - Paula Cajaty, advogada e poeta, Rio de Janeiro, RJ.
Paula,
Não é a mídia que dita padrões de beleza, de sucesso, de felicidade. Na realidade, ela mostra o que já faz parte do pensamento, do olhar, do desejo e do inconsciente da maioria das pessoas. É claro que a mídia tem um imenso poder de reforçar e disseminar estereótipos, modelos e padrões. Mas quem dita esses padrões, de fato, são as pessoas em geral. Um dia, numa palestra, depois de me ouvir falar sobre esse tema, uma estudante de jornalismo me perguntou: "Mas você não acha que a mídia tem a função de quebrar estereótipos e fazer as pessoas pensarem?". E eu respondi para ela que sim, claro. Muitas pessoas que trabalham na mídia (escrevendo, dirigindo, produzindo, atuando) de alguma forma já ajudaram e ainda ajudam a quebrar um bocado de estereótipos de beleza, de sucesso, de felicidade. Mas essas pessoas não fazem isso porque estão na mídia, não. Elas fazem isso por disponibilidade, reparo, sensibilidade, ousadia e, acima de tudo, por não abrirem mão de pensar com impressão digital.
Mas essa função de quebrar estereótipos não é só de quem trabalha na mídia. Quebrar estereótipos, por exemplo, também é função da professora, que na sala de aula foge do óbvio e escolhe uma menina gordinha, para fazer o papel da princesa na peça da escola, sem deixar de trabalhar profundamente a auto-estima dessa garota, para contagiar com esse olhar e esse sentimento as pessoas em volta e fazer com que elas aprendam a reparar a beleza onde quase ninguém repara. Desse modo, essas pessoas se sentirão cada vez mais livres para fazer as suas próprias escolhas afetivas e amorosas, se importando menos com a opinião dos outros.
Da mesma forma, quebrar estereótipos é função de um cirurgião plástico que se recusa a diminuir o nariz de uma mulher só porque inventaram para ela que aquele nariz é feio, grande demais, desproporcional; e é capaz de mostrar para ela que nenhum nariz do mundo seria mais belo, mais forte e mais charmoso naquele rosto. Porque a beleza nem sempre é proporcional, a beleza não tem medida certa. Nada é mais incerto do que a beleza. Não existe o belo sem identidade. É claro que há mulheres quase que indiscutivelmente belíssimas. Mas grande parte dessas belezas superlativas desgasta em pouco tempo por causa da mesmice. A mesmice é uma das mais profundas tiradoras de beleza que existem por aí. Uns olhos de parar a gente, uma boca de beijo pronto, um corpo de puxar vontade, uma voz para baixar no ipod, tudo isso ajuda bem, não dá para negar. Mas o que torna uma mulher realmente bela, charmosa e interessante, é a autenticidade dela; a personalidade, o humor, a postura, o estilo, a leveza. Então, Paula, para encontrar o encantamento nela mesma, o que uma mulher mais precisa fazer é começar a reparar nas coisas e nas pessoas aparentemente mais simples, de preferência com olho de susto e descoberta. É assim que ela também vai passar a reparar nela mesma, de uma forma inédita, reveladora, irresistível.
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Um beijo agora, porque ainda hoje já começo a ser feliz. Paula
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