Leituras da semana
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Queridos amigos,
Do mesmo jeito que tudo, gente precisa de uma mudança de ares, de cenas, de ideias.
Se o mar está muito calmo, é hora da tempestade remexer as marés. Quando faz muito frio, é hora de começar a esquentar. Se estiver chovendo, a vontade de sol logo roça a penugem dos braços.
Essa insatisfação não vem só de dentro da gente. Até os ventos cansam e mudam de rumo, até as frutas enchem a paciência e saem da estação.
Nesse tempo cada vez mais minguado, às vezes é preciso se levantar e escancarar a porta da garagem, arrancar as cortinas empoeiradas das janelas e deixar o sol invadir o chão, reinventar a profundidade nas paredes.
Nesse tempo cada vez mais cheio de trombas, é só usar a criatividade para trazer bobagens no meio de um dia cinzento, basta achar as canetinhas para desenhar formas sinuosas em hidrocores que não signifiquem absolutamente nada e sirvam apenas para decorar a geladeira.
Olha, eu não conto meus truques porque posso perder a credibilidade de gente grande, ou a solenidade de poeta. Como Clarice diria, ninguém respeita mulheres que sorriem nas fotos. Imagina só se eu dissesse que ainda ontem brincava de pique-alto entre os sofás e as bergères da sala?
Talvez os hematomas na canela tentem denunciar minhas artes, ainda que eu sempre possa dizer que esbarrei no pé da cama ao dobrar o cobertor.
A verdade é que entre uma brincadeira e outra, alternada entre uma tromba e outra, está a mãe, a verdadeira mulher que ri, briga, grita, faz cafuné, reza antes de dormir e, nas frestas do seu tempo, ainda encontra tempo para vestir salto alto e se olhar no espelho.
Então desejo um feliz Dia das Mães para todas as famílias, com muitos livros e filmes que possam encher a cabeça de dúvidas e enternecimentos.
Afinal, em cabeça de mãe, sempre cabe uma caraminhola a mais.
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Dicas da semana (02.05.2009 a 08.05.2009) |
Lançamentos 
- segunda, 04.05, às 19h30 Roland Villard prepara "A dieta do chef" (...) Juliana Lins exibe "Sinceramente grávida", às 19h. - terça, 05.05, Ivan Junqueira assina "Cinzas do espólio" a partir das 18h na ABL. (...) - sexta, Mário Castelar exibe como é "O marketing da nova geração", às 19h na Travessa Ipanema. - depois do fim-de-semana do dia das mães, no sábado 16.05, a amiga Marta Lagarta e Guto Lins
lançam "A menina que ia para longe", a partir das 16h, na DaConde, com
direito a performance de Marta e Guto, e ainda com o piano de Daniel
Sanches. Eventos, cursos e novidades
>> Dia 08.05, Rona Hanning inicia as aulas do curso "O universo da literatura infantil: para compreender, ler e fazer", na Casa do Saber da Lagoa. >> A FLIST já enviou o convite oficial: Festa Literária em Santa Teresa, dia 16.05 (sábado). Venha para FLIST 2009 ! >> A Estação das Letras
divulga seu calendário de cursos para maio. Entre os destaques, Flávio
Braga, Nilza Rezende e Claudia Nina. >> Fabrício Carpinejar volta ao Rio com sua Oficina de Criação Poética, dias 29 (18h/21h) e 30 de maio (10h/13h). Também na Estação das Letras. >> Adriana Medeiros
convida para Oficina "O Professor Criativo: atividades de arte e
criatividade em diferentes ambientes", dia 28.05, das 18h30 às 20h30,
no Espaço Criar-se (Pr. Botafogo, 210/901, tel. 9257.1889, ou no email amcriarte@gmail.com) >> a autora Janaína Michalski
já tem dia certo para o lançamento de seu primeiro livro "Onde o sol
não alcança". Será no 11º Salão do Livro Infantil e Juvenil, dia 13.06
(sábado), às 16h na Biblioteca para Crianças (Centro Cultural Ação da
Cidadania, Av. Barão de Tefé, 75, Saúde, Rio de Janeiro). >> Para ir se programando na FLIP, acesse o site Paraty Cultura. Para receber as notícias da FLIP 2009 no Twitter é só clicar http://twitter.com/flip2009 Prêmios
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6º Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura. (...) - 3º Prêmio Internacional Poesia ao Vídeo, da Fliporto, com premiação de R$ 9 mil. Leia mais...Fontes: Caderno Prosa&Verso, O Globo, Suplemento Ideias&Livros, do Jornal do Brasil e mailing pessoal da autora. |

- Vassallo, Márcio. Mães: o que elas têm a dizer sobre educação. Rio de Janeiro: Guarda-chuva, 2007.
Nas
vésperas do dia das mães, encontro nas minhas prateleiras esse livro
justamente sobre mães, de um jornalista que revela escrever para se
aproximar das pessoas, e para, através delas, chegar mais perto de si
mesmo e olhar no espelho suas próprias inquietudes, paradoxos e
estranhezas. Márcio escreve para chegar a ser.
O livro "Mães: o
que elas têm a dizer sobre educação" nasce do sentimento empírico de
que especialistas não podem supor que seu conhecimento seja capaz de
substituir o saber interno, instintivo, intuitivo, de uma mãe.
E
então o autor parte numa espécie de aventura em busca desse
conhecimento mudo que só se troca nos almoços de família, nos
telefonemas e nas portas das escolas. Afinal, mães não organizam
palestras, não montam mesas de congressos, não dão cursos nem oficinas
ou workshops, não ganham dinheiro para serem mães e transmitirem seus
conhecimentos. O lucro da maternidade acontece em outra esfera.
Assim,
essas mães aos poucos foram colocadas do lado de trás da mesa do
consultório, se resignaram a serem apenas as destinatárias, as
consumidoras de todo esse pseudo-conhecimento que outros produzem. São
elas as consulentes, porque abdicaram do direito de serem consultoras.
Mas
em que momento esses valores se perderam, em que momento as mães
deixaram de ser as protagonistas da história de suas próprias crias?
Através
de perguntas certeiras, Márcio Vassallo revela todas essas mulheres,
desvenda cada uma em suas circunstâncias e histórias peculiares, mostra
como cada uma deu "o seu jeito". Elas vão se expondo aos poucos,
contando suas maiores inquietudes, seus medos, suas crenças, num
mosaico de amor, felicidade, êxtase, medo, decepção e melancolia. (...)
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- Borges, Fernando Paço. Olhos de meio-dia. Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2007.
Os
"Olhos de meio-dia" de Fernando Paço Borges são de preferência
racionais e contemporâneos e seus poemas se põem mesmo debaixo de um
sol a pino, estendem a toalha na areia branca da praia e se deixam
admirar: 'Não me amole. / Escrevo a ode / que acomode / minha alma'.
Em
seus precisos jogos de palavras, o poeta brinca com fonemas e filtra
esse estranho nosso tempo, aproveitando recursos metalinguísticos,
lapidando poemas visuais entre versos sinuosos e críticos, de formas
livres de rimas e metros, irregulares e irreverentes: 'O
preto-e-branco deixou / cores na memória (...) E se tudo fora esmaecido
pelo tempo, / pouco me importa. / Vejo que desta prisão de luz e sombra
/ algo aconteceu oculto na imperecível alegria do instante.'
A
arquitetura entranhada em Fernando infiltra sua poesia e o resultado é
uma mistura boa de lirismo e razão, em que as palavras são mexidas como
brinquedos de montar - ele as parte e reparte, junta, separa e rejunta,
num xadrez de sílabas, num lego versificado (...)
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Cuidado com o que você deseja...
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- Coraline. EUA, 2009.
Como
seria o mundo ideal, sem problemas? E por quanto tempo nós o
suportaríamos? Em que medida viver desejando esse mundo irreal abotoa
nossa vista para o que importa de verdade?
Coraline é um filme
baseado no best-seller de Neil Gaiman que, em entrevista, disse que sua
intenção no livro era 'expressar que, certas vezes, as pessoas que nos
amam podem não nos dar toda a atenção que precisamos, e certas vezes
aqueles que nos dão toda a atenção necessária podem não nos amar de
maneira saudável'. Gaiman dá uma dimensão simplória, meio pedófila e
limitante à sua história (e aqui lembro-me do professor Luiz Ruffato,
sempre com a razão ao dizer que o autor não deveria abrir a boca para
falar de sua obra, sob pena de empobrecê-la e suprimir-lhe um universo
de possibilidades.)
Bem, Coraline vai muito além - a história atravessa o seu próprio autor.
A
personagem principal é chata, arrogante, quase insuportável. Exatamente
como uma menina mimada de 11 anos (quem conhece acha graça, quem não
conhece, se irrita com a figurinha). Não se trata, pois, de falha da
personagem, mas a característica fiel de qualquer aborrecente de classe
média-alta do mundo ocidental. (...)
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Um domingo de apertar o coração e uma semana trançada de sorrisos e abraços intermináveis e inesquecíveis. Um beijo,
Paula
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