Leituras da semana
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Queridos amigos,
Tirei um pequeno recesso nesse abril recortado de folgas. Rumei para o interior, para um lugar onde o tempo não passou tão rápido quanto aqui na metrópole. Às vezes é preciso mesmo diminuir esse frenesi cosmopolita de internet, twitters, emails e newsletters...
Bem, a Semana Santa foi realmente uma bênção. Os dias estavam tecidos num azul ensolarado debaixo do sopé da serra de São José, na bela Tiradentes, cidade onde as portas das casas, ateliês e antiquários permanecem abertas para todos os visitantes. Em São João Del Rey, ao chegar do percurso entre os marcos da Estrada Real, as igrejas iluminadas contrastavam com o poente rosado, enquanto os tapetes coloridos de serragem e o som das matracas chamavam para a procissão.
As noites frias e bem escuras pediam por consomés à luz de velas. E se o sono depois disso era fundo e negro, sem sobressaltos, as refeições eram sempre um luxo. Pela manhã, pães de queijo e bolos de milho e aipim. No almoço, a culinária internacional e chique do Rio cedia frente aos prazeres simples e antigos, quase esquecidos: purês de baroa amassada no garfo, abóbora-moranga refogada aos pequenos pedaços, feijão tropeiro e tutus enfeitados de salsa e torresmo, e a esplêndida galinha no quiabo.
Há quem torça o nariz para os legumes tirados da horta, que não se seduza com a banana frita na canela açucarada, ou não ligue para a leveza do doce de leite feito em tacho de cobre. Há quem dispense a acidez da goiabada cheia da fruta, o queijo de minas recém-desenformado. Em Tiradentes, o luxo não estava em cardápios francófonos, mas no servir-se direto dos imensos fogões a lenha, nos tachos de cobre e barro, no café coado bebido na xícara de ágata.
Ao chegar, leio na coluna do querido professor Castello (de sábado, 18.04) que a gastronomia é, também ela, uma forma de poesia. Para variar, ele tem razão. E André Laurentino, em seu blog, conta de suas experiências alienígenas com as comidas-prontas e seus sabores pré-definidos, em pós e preparados com validade de mais de três anos. Eu mesma, no final de semana, arrisquei fazer uma batata-frita-pronta cujo resto nem as minhas formigas quiseram. E senti saudades de subir a Mantiqueira.
Levei um tempo para me recuperar do torpor poético de tantos versos à mesa. Mas volto aos livros e aos meus queridos, nessa semana respingada de feriados.
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Dicas da semana (18.04.2009 a 24.04.2009)
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Lançamentos  - Como era de se esperar, ninguém se animou a lançar nada, na semana recortada de feriados... - Abri meu perfil no Blip.fm,
site espetacular onde faço justo aquilo que fazia na adolescência:
trocar músicas. Ainda atrelado ao Twitter. É tudo de bom! - Acabo de receber do querido mestre Flávio Carneiro
o convite impresso e o virtual, para o lançamento de suas
divertidíssimas crônicas futebolísticas no livro 'Passe de Letra'. Será
quarta-feira que vem, dia 29 de abril, na livraria Prefácio. Segue o convite. -
Dia 23 de abril, dia de São Jorge, é também a data escolhida para as
comemorações do Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autorais. Isto
porque, na Catalunha, havia a tradição de uma dama oferecer um livro a
um cavalheiro, que lhe retribuía uma rosa. O portal da Unesco no Brasil dá maiores informações sobre a simpática comemoração. - Deixo aqui apenas a nota de que a Delacorte Press lança contos de Kurt Vonnegut Jr. no livro 'Look at the birdie'. Eventos e novidades- Lygia Fagundes Telles, dia 19, sopra velinhas (é feio dizer quantas, não é?). Parabéns para a autora de 'As meninas'! - As Reinações de Narizinho deste dia 18 serão animadas: (...) - Vão até dia 5 de maio as inscrições para o II Lihed, o Seminário sobre a História Editorial no Brasil: www.uff.br/lihed, organizado pelo Professor-historiador luso-carioca Aníbal Bragança. - o Corujão da Poesia continua às terças, a partir da meia-noite na Livraria Letras&Expressões. A doação de livros também permanece (no tel. 21-2138-4851). - "O encontro da água e do fogo", evento assinado pelo Groupe F, marca a abertura do Ano da França no Brasil,
nesse feriado do dia 21 de abril, a partir das 20h na Lagoa Rodrigo de
Freitas. A entrada é franca (mas o público esperado é de 1 milhão de
pessoas...). - Sábado, dia 25, a Estação das Letras
realiza encontro gratuito de leitura com o tema 'A escrita em
parceria'. Quem conduz é o especialista em literatura para crianças e
jovens Ricardo Benevides. (...) - Acontece nos Pampas: A Festipoa Literária
inicia depois do feriado de Tiradentes: de 22 a 25 de abril, em Porto
Alegre/RS, acontece a segunda edição da FestiPoa Literária. Neste ano,
o evento será realizado nas livrarias Palavraria (Av. Vasco da Gama,
165), Letras & Cia (Av. Osvaldo Aranha, 444), no Espaço Cultural
Casa dos Bancários (rua Gen.Câmara, 424), Cinebancários e Instituto
Cultural Braileiro Norte-americano. A programação está intensa: (...) Cursos, etc. - Sexta, dia 24, às 14h, tem curso na Biblioteca Nacional, com orientações sobre ISBN e ISSN. - Talk of the Town: Jane Austen, "Razão e sensibilidade", dia 22 de abril, no tel. (21)2227-4067, ou no email da organização (veja no site). - Maio e junho têm cursos novos na Estação das Letras. Vale conferir a listagem no site da Estação. Casa do Saber, POP e Telezoom também inscrevem para novos cursos. - Centro Universitário Celso Lisboa matricula para o curso 'Pensar, Falar, Escrever' - é só clicar e se inscrever. -
UERJ inscreve para 'Mídia, esporte e cultura: pensando o jornalismo
esportivo'. Aulas às segundas, de 19h30 às 21h30. Inscrições até 6 de
maio, no CEPUERJ, campus Maracanã, ou no tel. (21)2587-7707. Fontes: Caderno Prosa&Verso, O Globo, Suplemento Ideias&Livros, do Jornal do Brasil e mailing pessoal da autora. |
Gran Torino - Dirty Harry acerta na mosca
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- Gran Torino. EUA/Austrália, 2008.
Clint Eastwood fez seu filme definitivo.
Não
se trata apenas de retratar um velho rabugento, como muitos
interpretaram o fio condutor da história, mas observar um homem que
estacionou há quase 40 anos atrás e, por isso mesmo, é descartável e
desnecessário - ele mesmo, uma antiguidade. Esse homem velho e
inadequado não suporta notar que o mundo mudou, mas é sistematicamente
confrontado com a realidade. É assim que Clint mexe nas feridas mais
sérias do nosso tempo, temas que são renegados e transformados em
crimes: a intolerância religiosa, o racismo, o revide aberto, a defesa
intransigente da propriedade com armas de fogo.
Na
verdade, o que se registra como crime, hoje, nada mais é que um
fenomenal choque de gerações. (...)
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Poetas concorrentes: Portugal Telecom 2009
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Foi divulgada a lista dos poetas concorrentes inscritos no Prêmio Portugal Telecom 2009 a serem aprovados pelo Júri Inicial.
Acho que a mera exibição de nossas obras e nomes nessa lista já é, de certa forma, uma vitória.
A
disputa promete ser acirradíssima. Difícil escolher entre tanta gente
boa. Enfim, deixaremos as confraternizações e chopes para depois do
resultado.
Abaixo a listagem divulgada no site
do Prêmio Portugal Telecom, constando apenas os livros inscritos em
'poesia brasileira', por ordem alfabética:
[desvirtual provisório] (Wellington de Melo, ed. Canal 6 Editora);
A anticópia dos placebos existenciais (Bioque Mesito, ed. Edfunc);
A casa toda nave cega voa (Álvaro Miranda, ed. 7Letras);
A conversação (Izacyl Guimarães Ferreira, ed. Scortecci);
A fábrica do feminino (Paula Glenadel, ed. 7Letras);
A força dos versos (Peilton Sena, ed. Fundação Lusíada, Unilus);
A língua dos desertos (Marcus Vinicius Quiroga, ed. RTC);
A moça pintada no tempo e o eu indefinido (Markus Vinícius Borges dos Santos, ed. Contraste);
A palavra na pátina da lua (Hygia Therezinha Calmon Ferreira, ed. THS/Arantes);
A partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora (Gregorio Duvivier, ed. 7Letras);
A pele das palavras (Dirce de Assis Cavalcanti, ed. 7Letras);
A perspectiva do quase (Zeh Gustavo, ed. Arte Paubrasil);
Abissínia (Carlos Andreas, ed. Multifoco);
Acordei num iceberg (Juliana Hollanda, ed. Ibis Libris);
Adeus às andorinhas (Armindo Trevisan, ed. AGE);
Afrodite in verso (Paula Cajaty, ed. 7Letras);
e muitos outros mais.
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ele caminha comigo
desânimo que atravessa
e parte
enquanto eu só
desato palavras silentes
rodopio desatinos, desditos
substantivos sem pressa.
rumores distantes
estios de temporal
não se esquecem
escassos de luz
não se repetem
o impossível é apenas
deixado para trás.
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A todos, uma semana bem barroca,
toda feita em mesuras e rococós.
Um beijo,
Paula
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